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QUIKSILVER AMÉRICA SOLICITA PROTEÇÃO DOS CREDORES PARA PERMITIR REESTRUTURAÇÃO

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Durante os últimos dias muitas foram as notícias que surgiram vindas do outro lado do Atlântico sobre a situação delicada vivida pela Quiksilver América, muitas com a palavra "falência" associadas – embora o processo de falência nos Estados Unidos seja algo diferente daquilo que se verifica na Europa. A marca vive dias difíceis no continente norte-americano e ontem emitiu um comunicado a confirmar que pediu proteção dos credores, ao abrigo do Capítulo 11 da lei de falências americana, no tribunal do estado de Delaware.

Ainda assim, o cenário não é tão dramático como possa parecer à primeira vista, uma vez que este procedimento tem em vista apenas a reestruturação da marca, permitindo a esta continuar a funcionar normalmente e com proteção contra os credores, mantendo ainda todos os seus ativos. Para o fim da atividade da empresa teria de ser aplicado o Capítulo 7, que se trata de algo diferente do sucedido. No entanto, o processo será acompanhado pelo tribunal, a quem a marca terá de informar detalhadamente sobre a sua situação financeira.

 

O objetivo passa por renegociar e limpar grande parte da dívida, reestruturando a marca dentro de um período de tempo pré-estabelecido. No final do período previsto e acordado com o tribunal, a empresa reinicia as operações de uma forma normal e liberta da dívida. Esta é uma situação já vivida por várias grandes marcas mundiais, dos mais variados quadrantes, e pode ser encarado como um sinal positivo para a própria marca e para o mercado. No fundo, utilizando uma linguagem mais corrente, trata-se de um passo atrás da Quiksilver América para poder tentar dar dois em frente.

 

Esta situação envolve apenas a Quiksilver americana, uma vez que a marca encontra-se dividida por três regiões. A que abrange a Europa está atualmente com sinais positivos e bem longe da realidade americana. Tal como a Ásia-Pacífico.

 

No comunicado emitido pela poderosa marca de surfwear está descrita essa mesma situação, ressalvando três importantes pontos: a já falada reestruturação financeira e operacional sob o já citado Capítulo 11; o facto dos negócios da Quiksilver Europa e Ásia-Pacífico não serem afetados por este procedimento; e, "last but not least", a entrada do fundo de investimento da Oaktree Capital no capital do grupo.

 

A Quiksilver América, que vai deixar de ser cotada na bolsa de Nova Iorque, contará com a entrada de um investidor a longo prazo. Curiosamente, o grupo Oaktree também fez parte da recente reestruturação da Billabong, tendo ainda uma vasta experiência com várias marcas de chamados desportos outdoors. Desta forma, a Quiksilver fica com os recursos necessários para atingir os objetivos do seu plano estratégico e também para garantir a sustentabilidade das suas marcas.

 

A SURFPortugal esteve à conversa com José Gregório, responsável pela marca em Portugal, que explicou melhor este procedimento da marca. "A suspensão das ações em bolsa foi uma surpresa para mim, embora o problema que a Quiksilver tinha na América já fosse falado internamente", começou por dizer. "Tirar as ações da bolsa é um pau de dois bicos. Uma empresa bem cotada em bolsa é muito mais fácil de financiar. Por outro lado, fora da bolsa não há tanta pressão e pode-se fazer as coisas de forma mais tranquila. Digamos que não há situações perfeitas."
Gregório abordou os números que envolvem o investimento da Oaktree: "São 175 milhões de uma empresa que fatura quase 2 mil milhões. Há quatro anos tivemos uma injeção financeira de outro fundo de capital e o (Directors) Board nunca perdeu o controlo da empresa. Penso que, desta vez, também não o irá perder".

"O Pierre Agnés é o executivo. Trata-se de uma pessoa do surf, de dentro da Quiksilver e com história na Quiksilver. Mas, no fundo, quem manda na Quiksilver é o Board, que já há muito tempo deixou de ser composto exclusivamente por pessoas do meio. Portanto, há dois poderes que trabalham em conjunto. Mas penso que para administração, de modo geral, é importante manter o controlo da empresa", frisou.

 

"Estas situações são normais no mundo empresarial, não é nenhum escândalo"

O antigo campeão nacional deu ainda à opinião sobre o distanciamento de resultados entre a Quiksilver americana e a europeia. "A diferença justifica-se principalmente por má gestão por parte dos americanos nos últimos anos. Houve pouco rigor financeiro. É importante referir que as marcas do surf são ainda marcas jovens, que nasceram há 40 anos e sempre conheceram uma situação de mercado em ascensão. Entre as pessoas que estavam há 40 anos na Quiksilver, muitas ainda continuam no management hoje em dia, como o Bob McKnight, o Jeff Hakman e outros. Toda esta gente nunca conheceu momentos de crise neste setor. Em todos os ramos de negócio há imensas empresas com um historial de restruturação que nós, nas empresas do surf, não temos. No ano passado, a Billabong passou por um processo de reestruturação e este ano já apresentou resultados positivos. A Quiksilver EUA vai agora passar pelo seu processo de restruturação. Estas situações são normais no mundo empresarial, não é nenhum escândalo", apontou Grego.

Por fim, Gregório abordou o regresso de Pierre Agnés à liderança executiva da Quiksilver e as marcas que já são visíveis. "A reviravolta que o Pierre Agnés promoveu teve já um grande impacto em nós, equipa, e vai ter um grande impacto nos próximos anos na Quiksilver. A Quiksilver é a marca que inventou os boardshorts, os calções de surf são o nosso ADN, e nos últimos cinco anos perdemos a liderança mundial na venda de boardshorts. Com o Pierre no comando, já toda a gente diz que se não estivermos já à frente, brevemente iremos voltar a estar, pois temos a melhor coleção de boardshorts de sempre.

"Mas não é só nos calções. As novas coleções e estratégias de marketing têm tido, de modo geral, uma boa resposta e alcançado resultados positivos. Estamos no bom caminho. O Pierre, de nós todos, é o melhor vendedor, é quem melhor passa a mensagem e quem mais transmite confiança. Ele transmite isso tudo em pirâmide, do topo à base. Não só às pessoas que estão próximas dele, mas a todos os vendedores, equipas de marketing, design, etc. Todos têm um grande respeito e orgulho por trabalhar para o Pierre", conclui José Gregório.

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