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Receita da Frigol vai superar R$ 1 bi este ano

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Luciano Pascon, vice-presidente do Frigol, afirma que empresa vislumbra saída da recuperação judicial ano que vem

Em processo de recuperação judicial desde julho de 2010, o frigorífico paulista Frigol ultrapassou pela primeira vez em sua história a marca de R$ 1 bilhão em faturamento e, com a expectativa de quitar a dívida que tem com pecuaristas no próximo ano, já vislumbra deixar a condição de recuperanda.

"A administração está discutindo a possibilidade de pedir o levantamento da recuperação agora em 2015", disse ao Valor o vice-presidente do Frigol, Luciano Pascon. Para a companhia, a saída da recuperação judicial significaria voltar à 'normalidade', reabrindo o mercado de crédito.

Caso a saída da Frigol da recuperação judicial se confirme, a empresa será uma das primeiras a deixar essa condição após a crise que atingiu uma série de frigoríficos de pequeno e médio portes, num contexto de escassez de gado bovino e sérias dificuldade para obter crédito devido às turbulências na economia mundial a partir de 2009. À época, muitos frigoríficos quebraram ou pediram proteção judicial contra credores.

De acordo com Pascon, o Frigol vai concluir no próximo ano o pagamento dos R$ 18 milhões que ainda deve aos fornecedores - basicamente, pecuaristas. A dívida com os bancos, porém, só começará a ser paga em 2015, conforme determinam os termos do plano de recuperação judicial aprovado pelos credores em 2011.

Ao todo, o Frigol tem um passivo de R$ 52 milhões com as instituições financeiras. O prazo para o pagamento desses credores é de dez anos, ou seja, vai até 2025, disse o executivo.

De forma geral, a possibilidade de deixar a recuperação judicial está ancorada no crescimento das operações do Frigol, sobretudo a partir da reabertura, no fim de 2013, de um frigorífico de bovinos em São Félix do Xingu, no Estado do Pará. "Essa unidade foi o que propiciou o nosso crescimento", disse Pascon. Atualmente, o Frigol tem quatro plantas em operação, sendo três de bovinos - São Félix do Xingu e Água Azul do Norte, no Pará, e em Lençóis Paulista (SP) - e uma de suíno, também em Lençóis Paulista (ver mapa abaixo).

Na avaliação do executivo, a unidade de São Félix permitiu ao Frigol se diferenciar dos demais concorrentes e ampliar os abates de bovinos, na contramão do que ocorreu no país. Em 2014, os três frigoríficos da empresa abateram cerca de 480 mil cabeças, alta de 20% ante os 400 mil bovinos abatidos no ano anterior. Enquanto isso, os abates de bois em todo o país caíram 0,6% entre janeiro e setembro, a 25,3 milhões de cabeças, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Pascon, a pecuária bovina do Pará passa por uma etapa diferente da vivida nos principais Estados produtores, onde há uma retenção do número de matrizes para recompor o rebanho liquidado nos últimos anos, o que limita a oferta de bovinos prontos para o abate. "Existe um aumento muito grande do rebanho do Pará", disse. No Brasil como um todo, a avaliação de analistas do setor é de que tenha havido uma queda do rebanho neste ano.

Do ponto de vista de vendas, a expansão operacional se refletiu em um avanço de 40% no faturamento da Frigol entre 2013 e 2014, segundo Pascon. A receita líquida da empresa este ano é estimada em R$ 1,1 bilhão. Para 2015, a tendência de crescimento deve continuar, disse ele. A expectativa do executivo é atingir um faturamento de R$ 1,4 bilhão, impulsionado pelas exportações e pelas vendas de produtos de maior valor agregado, tais como embutidos de suínos.

Em meio à demanda internacional aquecida e à menor oferta de carne bovina em importantes concorrentes do Brasil, como EUA e Austrália, Pascon já prevê que o Frigol elevará a fatia das exportações no faturamento, dos atuais 18% para 25% em 2015. O executivo aposta as fichas na China, que retirou o embargo à carne bovina brasileira que mantinha desde 2012 por conta de um caso atípico de vaca louca no Paraná. Segundo ele, a unidade de São Paulo da Frigol poderá exportar aos chineses.

Autor(a)
Luiz Henrique Mendes

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