A Eneva (antiga MPX) avalia propor uma nova capitalização como solução para o seu plano de recuperação judicial, cujo pedido foi aprovado na terça-feira pela Justiça do Rio de Janeiro. A holding Eneva e a Eneva Participações, que reportaram dívidas de R$ 2,33 bilhões para um caixa de apenas R$ 78,3 milhões em 30 de novembro, têm 60 dias para apresentarem seus planos de recuperação.
"Não estamos na estaca zero, mas a companhia agora tem um tempo e tranquilidade para poder ver o melhor plano que atende à companhia. Pode passar por capitalização. É uma das vertentes de um plano de recuperação", afirmou ontem o vice-presidente executivo e diretor financeiro e de relações com investidores da Eneva, Ricardo Levy, a jornalistas após participar de reunião com investidores no Rio.
Pelo plano de renegociação de dívidas e reestruturação da Eneva, colocado em prática em abril, quando Levy chegou à companhia, estava prevista uma segunda fase de um aumento de capital, na qual a alemã E.ON, uma das controladoras da empresa, se comprometeria a injetar cerca de R$ 450 milhões. O negócio, porém, não avançou, devido à deterioração da situação financeira da geradora.
No encontro, o primeiro como vice-presidente e diretor, cargos que assumiu na última semana, Levy explicou que o plano de estabilização da companhia continua em andamento. Ele disse que a polêmica termelétrica a gás natural de Parnaíba II, de 517 megawatts (MW), no interior do Maranhão, deverá entrar em operação comercial no início de 2015. "Estamos em fase final de comissionamento e testes", ressaltou.
Inicialmente, a termelétrica estava prevista para iniciar a operação em março de 2014, mas a companhia não conseguiu cumprir o prazo. Então, a Eneva firmou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), postergando o início de operação da usina para julho de 2016.
O TAC foi acoplado a um acordo de otimização do gás de Parnaíba. Como Parnaíba II entrará em operação antes de julho de 2016, a ideia é destinar o gás que antes era fornecido para Parnaíba I, no mesmo local, para a nova térmica, de forma a estimular a produção de energia do complexo.
A explicação é que Parnaíba II é usina do tipo ciclo combinado, com uma turbina extra, que gera energia a partir do vapor obtido da produção das turbinas a gás. Como Parnaíba I é a ciclo aberto (não tem a turbina a vapor), essa usina ficará desligada, para que o gás seja deslocado para Parnaíba II.
Pelo acordo firmado com a Aneel, na prática, as duas usinas, Parnaíba I e II, precisam estar disponíveis para a operação a partir de julho de 2016. O acordo também prevê o "fechamento do ciclo" de Parnaíba I dentro de cinco anos, com possibilidade de prorrogação do prazo por outros cinco anos.
Levy também contou que a Eneva vai pleitear à Aneel o recebimento de uma quantia de R$ 150 milhões relativa a um pagamento feito a maior por indisponibilidade das usinas Pecém II, Parnaíba I e Parnaíba III. A expectativa dele é receber a quantia dentro de seis meses.