Passivo envolve dívidas trabalhistas e cíveis que o clube acumulou nos últimos anos
28/02/2024
Uma assembleia geral de credores realizada na tarde desta terça-feira, em Campinas, aprovou o plano de recuperação judicial elaborado pelo Guarani para pagar aproximadamente R$ 61 milhões entre dívidas cíveis e trabalhistas.
A votação aconteceu em segunda chamada, uma vez que a primeira, prevista para a semana passada, não aconteceu por falta de quórum. Desta vez, dos quase 400 credores, apenas 21 votaram contra a proposta. Representaram o Guarani o CEO Ricardo Moisés (afastado das funções do futebol) e o presidente do Conselho Fiscal, Fábio Araújo.
- Foram dois anos de trabalho diário para chegarmos nessa assembleia e começarmos a escrever uma nova página na história do Guarani. Um clube da nossa grandeza merece grandes passos por um futuro vencedor - disse Fábio Araújo ao site oficial do clube.
Detalhes do acordo
Na área trabalhista, com aproximadamente R$ 15 milhões de dívidas, ficou definido que quem cobra até 180 salários mínimos vai receber em até 36 parcelas mensais. Já acima desse valor, o acordo prevê receber a diferença com 70% de desconto.
Em relação às dívidas cíveis do plano de recuperação judicial, o Guarani vai começar a pagar daqui um ano e meio e tem até 12 anos para terminar. Estão incluídos no pacote cível os passivos de R$ 38 milhões com credores quirografários (que são aqueles sem prioridade) e R$ 8 milhões com credores de médias e pequenas empresas.
O Guarani entrou com pedido de recuperação judicial em março do ano passado. A partir da aprovação da Justiça, a fase seguinte foi de elaboração do plano de pagamento.
Durante o processo, a proposta passou por adequações. Dois ajustes foram realizados durante a assembleia desta terça para atender a pedidos dos credores. Entraram inicialmente na negociação apenas as dívidas anteriores ao pedido de recuperação.
O Guarani tem 90 dias para iniciar o pagamento após a homologação e precisa honrar os compromissos firmados para não entrar em processo de falência. Se o Guarani não cumprir, serão penhoradas cotas televisivas e imóveis colocados pelo clube como garantia.
A recuperação judicial é uma tentativa de organizar os pagamentos dos débitos por meio de um plano. Trata-se também de um passo para preparar o clube para uma eventual SAF no futuro.
É uma saída para tentar estancar penhoras, mas também tem o outro lado: pode ser a "cartada final" para a sobrevivência da instituição se o plano não for cumprido. No Brasil, clubes como Cruzeiro, Figueirense, Chapecoense e Coritiba já aderiram ao mecanismo.