Segundo dados do INRE, recuperações subiram de 185 no ano passado para 339 neste ano; falências, de 88 para 218
Entre janeiro e abril deste ano, 339 empresas da construção civil entraram em recuperação judicial e 218 faliram, segundo dados do Instituto Nacional de Recuperação Empresarial (INRE). Para se ter ideia da deterioração da situação financeira das empresas, em 2015, no mesmo período, foram registradas 185 recuperações e 88 falências.
A paradeira pela qual o Brasil está passando, com a enorme escassez de obras públicas, é um dos motivos que levaram as construtoras à bancarrota. Mas há um outro elemento que também sacrifica o caixa e deixa as companhias sem reação: os atrasos nos pagamentos do poder público.
Segundo o presidente da Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas (Apeop), Luciano Amadio, só no Estado de São Paulo o atraso nos pagamentos já chegou a 80 dias. O resultado é o prolongamento dos cronogramas das obras por meses. Foi o que ocorreu com um projeto da construtora CVS. Previsto para entrar em operação em junho deste ano, o calendário foi estendido para dezembro, por atraso no pagamento.
O diretor da companhia, Cesar Scatena, conta que a combinação entre falta de novas obras e atraso nos pagamentos das obras em andamento comprometem muito a capacidade das empresas. Nos últimos meses, para suportar a falta de trabalho, a companhia decidiu cortar 90% do quadro de funcionários, diminuir a conta de telefone e mudar de prédio para reduzir custos.
“Antes, ocupávamos quatro salas em um prédio. Reduzimos para duas e agora vamos para um imóvel próprio, um pouco menor.” Ele conta que a empresa tem apenas um contrato em carteira. “Estamos em busca de novos negócios para driblar a crise”, diz Scatena, destacando que até 2013 o portfólio da construtora era 100% público.
O Grupo Jardiplan vive os mesmos dilemas para se manter de pé. Sem novos projetos, os custos da empresa têm sido bancados apenas por uma atividade do grupo, que é a conservação de rodovias. Boa parte dessas obras é contratada por concessionárias de estradas que têm de cumprir cronogramas de investimentos previstos em contrato. Só em São Paulo, as empresas que administram as rodovias gastam R$ 23 milhões, com pinturas de sinalização, instalação de defensas e conservação em geral. “Temos contrato até o ano que vem. Do meio de 2017 pra frente não sei como será se esse mercado não virar”, afirma o presidente da Jardiplan, Manoel Carlos Ferrari. / R.P.
Autor(a)
RENÉE PEREIRA