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Rioforte prepara-se para pedir concordata

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A Rioforte, uma holding do grupo português Espírito Santo, prepara-se para pedir concordata. A holding detém uma participação de 20% no Banco Espírito Santo (BES).

Principal unidade da EspíritoSanto International S.A., a Rioforte Investments, com sede em Luxemburgo, deverá pedir proteção contra credores devido a crescentes pressões para honrar dívidas. A holding não dispõe dos recursos necessários.

No mais recente sinal de estresse, é provável que a Rioforte não consiga pagar uma dívida de € 897 milhões (US$ 1,22 bilhão) à Portugal Telecom, gigante de telecomunicações portuguesa, segundo uma pessoa familiarizada com a situação. O fim do prazo para pagamento da maior parte da dívida é meia-noite de ontem, terça-feira.

O encaminhamento do pedido de concordata deverá acontecer nos próximos dias em Luxemburgo, sede da Rioforte, disse ontem uma pessoa familiarizada com a situação.

Isso permitirá que a subsidiária venda ativos e tome outras medidas para levantar fundos sem interferência dos credores. A Rioforte possui ativos - que vão de imóveis a hotéis em Portugal e no Brasil - e uma participação de 49% no Espírito Santo Financial Group SA. Esta detém 20% do Banco Espírito Santo (BES).

A iniciativa representa a mais recente reviravolta declinante nos destinos da Espírito Santo International, controladora da Rioforte, e poderá também significar ser improvável que os detentores da dívida da Rioforte recebam na íntegra o que lhes deveria caber.

Em maio, verificou-se que a Espírito Santo Internacional estava em grave condição financeira, após uma auditoria realizada pelo banco central de Portugal.

Durante meses, o conglomerado tentou levantar fundos através da venda de ativos, inclusive sua rede Tivoli Hotels & Resorts, em Portugal e no Brasil, e uma companhia de seguros. Mas as notícias sobre seus problemas impossibilitaram uma reorganização ordenada sem ajuda de um tribunal (de falências).

Não está claro o que acontecerá com a participação da Rioforte na Espírito Santo Financial Group se esta pedir concordata. A Espírito Santo Financial está avaliando sua própria exposição a problemas na Espírito Santo International. Os negócios com suas ações em Lisboa estão suspensos desde quinta-feira da semana passada.

O Banco Espírito Santo (BES), por sua vez, está em dificuldades para convencer investidores de que sua exposição à Espírito Santo Internacional é administrável. Suas ações chegaram a cair 20%, ontem, antes de fechar em queda de 14,61% na bolsa de Lisboa, cotado a € 0,38. Desde o início do ano esse papel já caiu 63,4%.

O Banco Espírito Santo disse na semana passada que dispunha de um amortecedor de € 2,1 bilhões para cobrir um eventual calote da Espírito Santo International. A exposição a ela e a outras empresas do grupo Espírito Santo, inclusive a Rioforte, compreende € 1,2 bilhão em empréstimos concedidos, € 853 milhões em dívida em mãos de clientes varejistas e € 2 bilhões sob posse de clientes institucionais.

Entre os detentores de dívida da Rioforte está a Portugal Telecom, atualmente negociando uma fusão com a brasileira Oi. Esta operadora de telefone diz que nada sabia sobre o investimento e que qualquer prejuízo decorrente de endividamento da Portugal Telecom deverá desencadear uma revisão dos termos da fusão.

Autor(a)
Patricia Kowsmann | The Wall Street Journal, de Lisboa

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