A empresa calçadista Sapatoterapia está em recuperação judicial. O pedido foi feito à Justiça no mês passado e aceito pela juíza Julieta Maria Passeri de Souza. O motivo seriam as dívidas acumuladas com diferentes credores - bancos e empresas ligadas ao setor - que juntas totalizam mais de R$ 15,7 milhões. Com o pedido acatado, a empresa viabiliza a manutenção da atividade social, garante o pagamento das obrigações e o recolhimento dos tributos.
A Sapatoterapia, que tem como razão social o nome Acrux Calçados, existe desde 1994 e emprega cerca de 360 funcionários. Apesar de estar em recuperação judical, a empresa trabalha normalmente.
Segundo despacho da Justiça, a Sapatoterapia enfrenta dificuldades econômico-financeiras e não encontrou outra alternativa, senão recorrer aos benefícios previstos pela Lei de Recuperação Judicial.
Ainda de acordo com o documento, a Sapatoterapia entrou em crise devido ao “comprometimento de parte de seu capital para o pagamento de encargos financeiros, manifestamente abusivos, a entrada dos calçados chineses no Brasil, que afetou diretamente as vendas e os preços dos sapatos brasileiros, e a desvalorização cambial que prejudicou as exportações”. A fábrica, conforme divulgação em seu site, tem clientes em 58 países.
A contar do despacho proferido no final do mês passado, a empresa tem 60 dias para apresentar um plano de restruturação aos seus credores - que poderão aprová-lo ou não - e ficará protegida contra qualquer pedido de execução judicial.
Nomeado pela juíza como administrador judicial, com a função de fiscalizar as atividades da empresa devedora e o cumprimento do plano de recuperação, Ernesto Volpe Filho, disse que já está atuando desde o dia 20 de outubro dentro da empresa, mas não possui detalhes das dívidas e de como Sapatoterapia pretende saná-las. “O plano ainda não foi apresentado, o que deve ocorrer até dezembro, enquanto isso a empresa segue trabalhando normalmente e não se fala em demissão.”
A relação de credores a-presenta débitos de diversos valores, inclusive alguns e-levados. Só para uma instituição bancária, por exemplo, a Sapatoterapia deve R$ 1,9 milhão.
Durante esta semana a reportagem procurou pelo diretor da empresa, Leonildo Ferreira, ao longo de dois dias. No primeiro dia, disse que estava em São Paulo e detalharia os problemas ao retornar de viagem. No dia seguinte, mandou recado por meio de sua assessora dizendo que não teria tempo para entrevista e pediu que enviasse as perguntas por e-mail. No mesmo dia, mandou avisar novamente que só poderia responder os questionamentos feitos na próxima semana. Procurado em seu celular, as chamadas só caíam na caixa postal.
Os advogados da empresa, estabelecidos em São Paulo, também foram procurados, mas não retornaram as ligações e os e-mails encaminhados com pedido de entrevista.
Autor: marco Felippe
Fonte: http://www.gcn.net.br (17/11/2012)