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Schahin muda de nome e projeta ampliar negócios após recuperação

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Marcos Sarge, novo diretor-presidente da companhia, diz que prioridade é manter o contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000 com a Petrobras

A Schahin, empresa do setor de óleo e gás que está em recuperação judicial desde 2015, mudou de nome. Chama-se, agora, Base. A estratégia busca desvincular a imagem da empresa da operação Lava-Jato e, dessa forma, resgatar a credibilidade no mercado.

A companhia foi alvo da operação em 2015 em razão do pagamento de propina em troca de um contrato bilionário com a Petrobras para o fornecimento de sonda para o pré-sal.

A mudança de identidade faz parte de um plano que inclui a substituição total da direção e do conselho gestor, nova sede, implantação de um programa de compliance e planos de investimento em áreas onde já atuou.

Neste momento, porém, o novo diretor-presidente da Base, Marcos Sarge, afirma que o foco é a manutenção do contrato mais valioso da companhia com a Petrobras: as operações do navio-sonda Vitória 10.000 - justamente investigado pela força-tarefa da Lava-Jato. Trata-se do principal ativo do grupo, que rende cerca de R$ 22 milhões por mês e hoje é o que mantém em dia o pagamento do plano de recuperação judicial. O negócio tem validade até 2020 com a possibilidade de renovação até 2030.

A Petrobras, porém, manifestou recentemente interesse em rescindir esse contrato. A empresa alegou na época que a Schahin vinha atrasando o pagamento de parcelas do financiamento (leasing) tomado pela estatal para a construção da sonda. O caso está sendo tratado na Justiça e até o momento tem decisão favorável à Base.

Sarge não esconde que as mudanças na companhia foram pensadas para manter o contrato. De acordo com ele, o serviço, por si só, é bem-avaliado pela Petrobras. E acrescenta que a Schahin, que completou 50 anos neste ano, foi uma das pioneiras na prospecção de águas profundas e registra alto índice de eficiência.

No ano passado, segundo Sarge, o Vitória 10.000 teve o melhor desempenho dentre todas as sondas que operaram para a estatal. Ele cita um estudo que aponta a embarcação entre as 15 mais competitivas da América do Sul. "A Petrobras tem um excelente retorno com esse contrato", afirma. "É natural, portanto, entendermos que terá continuidade."

Investimentos em novas áreas devem ocorrer a partir do encerramento da recuperação judicial da companhia - que pode ser finalizada nos próximos dois anos. Este é o prazo mínimo que as empresas devem cumprir para sair da recuperação e desde que o plano seja corretamente cumprido, conforme a Lei de Falências.

Apesar de estar em recuperação desde 2015, a Schahin teve o plano homologado pela Justiça somente em março deste ano. E é a partir dessa data que começa a contagem do prazo.

Não estando mais em processo de recuperação, a empresa volta a ter acesso mais facilitado ao crédito. E esse é um dos motivos para que os novos investimentos estejam sendo pensados somente para daqui dois anos.

A ideia é buscar oportunidades no setor de linhas de transmissão de energia, empreendimentos imobiliários e construção de hospitais. São áreas em que a companhia atuou no passado. Nos anos 80, por exemplo, foi responsável pela expansão do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e pela construção de shoppings centers.

Sarge é quem está à frente da reestruturação da empresa. Conhecido na casa por já ter ocupado a direção da Schahin Engenharia, ele foi convidado a retornar ao grupo em novembro do ano passado e assumiu o novo posto em janeiro. Contratou, até agora, dois novos diretores e diz que outros profissionais, em breve, farão parte da equipe.

Frisa, porém, que não haverá participação na nova estrutura administrativa dos acionistas do grupo. Nem em cargos de direção, nem no conselho gestor. "O papel deles como proprietários está sendo desenhado. Dono é uma coisa e administrador é outra completamente diferente."

Com a reestruturação, muda também a forma de controle interno. "Desde uma contratação milionária, a contratos com órgãos públicos, clientes e fornecedores e até mesmo aqueles brindes de fim de ano", diz, tudo será monitorado por um núcleo de compliance.

Será regra na empresa, por exemplo, que os contratos, a depender dos valores, tenham a assinatura de dois ou três representantes da empresa. Além disso, serão exigidas ao menos três cotações antes de contratar fornecedores. As contratações não poderão ser feitas por funcionários que atuam nas operações, somente pelo escritório.

A companhia que chegou a ter cerca de seis mil empregados, hoje possui em torno de 800 e operações em quatro Estados. A sede em São Paulo mudará em breve de endereço, mas permanecerá na região da avenida Paulista. Em Macaé, no Rio de Janeiro, localizam-se as instalações de acesso ao navio-sonda Vitória 10.000. No Rio Grande do Norte e Pará ficam as Sondas de Operação Hidráulicas (SPH), de águas rasas, também em contratos com a Petrobras

Autor(a)
Joice Bacelo e Zínia Baeta

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