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Se Brasil negociar, Azul quer fatia maior na TAP

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John Rodgerson, presidente da Azul: "Hoje, a lei de Portugal não me permite ser dono de 100% da TAP"

A Azul, terceira maior companhia aérea do país, defende ajustes na medida provisória (MP) que permite ao capital estrangeiro ter 100% de uma empresa aérea no Brasil. Ao abrir seu mercado, o quarto maior do mundo, o governo brasileiro deveria exigir reciprocidade de outros países. Essa negociação permitiria, por exemplo, que a Azul crescesse no exterior, especialmente em Portugal.

"Hoje, a lei de Portugal não me permite ser dono de 100% da TAP. Mas se o governo brasileiro exigir que o governo português libere seu mercado para a entrada de um grupo no Brasil, poderíamos aumentar o capital na TAP ou abrir uma operação da Azul em Portugal. O governo só precisaria fazer alguns acordos bilaterais para permitir a expansão internacional das aéreas brasileiras", disse ao Valor John Rodgerson, presidente da Azul.

Em Portugal, o limite de participação de capital estrangeiro nas aéreas é de 49%. O consórcio Atlantic Gateway - capitaneado por David Neeleman, maior acionista da Azul, e Humberto Pedrosa, dono do grupo português de transportes Barraqueiro - detém 45%. Outros 50% das ações pertencem ao governo português e 5% estão com os trabalhadores e colaboradores da TAP. Neeleman tem 67% das ações ordinárias da Azul.

Rodgerson diz que a Azul tem interesse em entrar principalmente em mercados da Europa, onde o limite de participação de estrangeiros é também de 49%. A MP, assinada na semana passada pelo presidente Michel Temer (MDB), acabou com o limite de 20% de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras.

Escritórios de advocacia, como ASBZ Advogados, informaram na sexta-feira que investidores estrangeiros têm buscado informações sobre o mercado de aviação brasileiro, após a edição da MP.

Rodgerson disse que, por enquanto, a empresa não foi procurada por investidores interessados em fazer algum tipo de oferta pela Azul. Atualmente, a Azul tem 8,3% das ações nas mãos da United Airlines. "A United e outras companhias estrangeiras podem adquirir ações na bolsa a qualquer momento e aumentar sua participação", afirmou o executivo. E acrescentou que a Azul não precisa de injeção de capital no momento.

"Hoje temos bastante recurso em caixa, suficiente para dar andamento aos nossos projetos de crescimento. A MP pode nos ajudar a capturar recursos em uma emissão de dívida no futuro. Por enquanto, a companhia não tem necessidade de capital", afirmou Rodgerson. No terceiro trimestre, a Azul atingiu um saldo de caixa de R$ 2,8 bilhões, com alta de 22,6% sobre o terceiro trimestre de 2017.

Sobre a possibilidade de a Azul fazer uma oferta pela Avianca, Rodgerson disse que não há uma negociação em andamento. Na sexta-feira passada, Neeleman, fundador e presidente do conselho de administração da Azul, disse ao Valor que estuda a possibilidade de adquirir a Avianca e que uma eventual compra seria feita com "com recursos disponíveis em caixa". "Quando uma empresa entra em recuperação judicial, tem uma dívida alta e recursos insuficientes. Não sabemos se [os controladores] querem vender, mas, se quiserem, vamos olhar os números", acrescentou. A Avianca, quarta maior companhia área do país, teve aceito o seu pedido de recuperação judicial na quinta-feira da semana passada, com uma dívida declarada de R$ 493,9 milhões.

"Qualquer empresa tem que olhar potenciais aquisições, faz parte da nossa obrigação. Mas não há uma negociação em curso com a Avianca Brasil no momento", diz Rodgerson. Para 2019, a expectativa da Azul é crescer entre 18% e 20% em oferta de voos, ante um crescimento para este ano estimado em 16%.

A Azul planeja comprar 15 aviões em 2019, que vão se somar à frota atual de 120 aeronaves. Faz parte do plano ampliar a malha aérea, com adição de seis a oito novos destinos por ano nos próximos dez anos. A companhia possui rotas para 106 cidades no Brasil e oito no exterior, e quase 800 voos diários.

19/12/2018

 

Autor(a)
Cibelle Bouças

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