A multinacional deverá passar a operar sob oito diretorias; até 2020, as prioridades serão as áreas de geração de energia, automação industrial e digitalização industrial
No começo da semana, a alemã Siemens informou ao mercado a compra da fabricante de equipamentos para prospecção de petróleo Dresser-Rend. O negócio saiu por US$ 7,6 bilhões. O investimento não foi pequeno, é verdade, mas o objetivo está dentro de uma aspiração maior da companhia – que anda bem otimista com o mercado brasileiro e internacional.
Esqueça os celulares e equipamentos de telefonia. Agora a Siemens quer ser forte mesmo é na indústria – de manufatura, de óleo e gás, energias renováveis, entre outros produtos longe dos olhos do consumidor final, mas pertinho de quem trabalha do setor produtivo.
Aquisições como a Dresser-Rand e da divisão de energia da Rolls Royce, anunciada em maio, fazem parte da nova estratégia global da Siemens, que mira no médio prazo, em 2020.
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No ano passado, globalmente, a empresa somou € 75,9 bilhões em faturamento, em linha com 2012 – mesmo com 4 mil funcionários a menos até o final do ano. Dos 362 mil contratados ao final de 2013, restaram 357 mil até a última contagem, já em 2014. Na mira para 2020 estão grandes desafios. Um deles, por exemplo, é a redução de € 1 bilhão no custo da operação – o que talvez explique as demissões dentro de um cenário tão otimista.
O número de encomendas, ao contrário, cresceu — de 75,882 mil contratos para 77,395 mil, o que traz em si um bom prognóstico para os planos da empresa. Os contratos de infraestrutura, e, portanto, de longo prazo, devem se diluir no faturamento ao longo dos próximos anos.
Nova composição
A partir do dia 1° de outubro, a Siemens deverá passar a operar sob oito diretorias, acompanhando a tendência de descentralização dos comandos. A ideia é crescer prioritariamente na área de geração de energia (2% a 3%), automação industrial (4 a 6%) e digitalização industrial (7% a 9%) até 2020.
"Estamos presentes onde estão nosso clientes, porque estando nos mercados locais conhecemos as particularidades", diz o chefe de estratégia, Horst Kayser. "Vivemos uma desaceleração global", afirma.
Ao contrário de quem acha que a economia desacelerou só no Brasil, o executivo enxerga uma freada mundial. "Estamos vivendo uma desaceleração global da economia", diz o executivo. Mesmo assim, o cenário não desencorajou a indústria alemã.
Graças a essa percepção, o momento brasileiro não assusta nem um pouco. Embora não arrisquem o prognóstico de investimento da empresa no País – estão aguardando o resultado das eleições para ver quais mudanças de cenário enfrentarão –, o Brasil está entre os cinco primeiros dos 30 países-foco da Siemens. Em 2013, a operação brasileira faturou € 2 bilhões, o equivalente a pouco mais de 3% do total.
"O Brasil tem políticas um pouco protecionistas para produtos", diz Kayser. "Há uma clara preocupação de adicionar valor dentro das fronteiras do País."