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Tanure articula para mudar conselho da Oi

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O fundo canadense de pensão Ontario Teachers'Pension Plan (OTPP), que até 16 de junho tinha 4,84% das ações ordinárias da Oi, virtualmente zerou sua participação na tele brasileira. E não quer participar de nenhuma ação para mudar o conselho de administração da Oi. A posição pode significar um revés para o empresário Nelson Tanure, que está articulando com este fundo e outros acionistas para tirar do conselho da Oi os membros ligados à Pharol (ex-Portugal Telecom).

A Pharol hoje é a maior acionista da Oi, com 22,2% do capital da tele que enfrenta o maior processo de recuperação judicial do país, com dívidas de R$ 65,4 bilhões.

"Nós praticamente vendemos toda a nossa posição ao longo do mês passado", disse Deborah Allan, vice-presidente de comunicação do OTPP, ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. "Como recentemente vendemos nossa posição na Oi, não vamos tomar parte em qualquer ação para mudar a composição do conselho de administração da empresa".

Segundo fonte próxima a Tanure, o OTPP teria repassado sua participação na Oi a um fundo americano-canadense, o Point State. "O OTPP repassou 4,8% das ações [ordinárias da Oi] ao Point State, do qual ele [o OTPP] é o principal cotista", disse a fonte.

A Bridge Administradora de Recursos, que tem Tanure em seu comitê de investimentos, detém 6,64% do capital da Oi. Para promover mudanças na tele, precisa do auxílio de outros acionistas.

Tanure contaria com o apoio do fundo Discovery Capital, que foi essencial na compra de uma participação expressiva na petroleira PetroRio (ex-HRT). Embora o capital da empresa esteja pulverizado, Tanure conseguiu assumir virtualmente o comando da PetroRio por meio de uma composição com outros acionistas, que lhe garantiram uma posição de controle.

Tanure é conhecido como um comprador de empresas em situação financeira precária. Seu negócio mais bem-sucedido foi a aquisição da Intelig, em 2008 - um ano depois vendeu-a para a italiana TIM, com grande margem de lucro. Mas também acumula fracassos como a aquisição dos jornais Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil, que saíram de circulação.

A montagem da operação na Oi - para substituir os conselheiros ligados à Pharol por outros favoráveis a Tanure - não prevê apenas a inclusão de parceiros institucionais, como fundos de investimento. Tanure também teria conversado em junho com representantes da Bell Canada sobre a possibilidade desta tele entrar no Brasil por meio de um investimento na Oi.

A primeira conversa entre representantes de Tanure e os detentores de títulos de dívida internacionais da Oi ocorreu há cerca de três meses, segundo uma fonte próxima ao empresário. O escritório de advocacia Galdino, Coelho e Mendes Advogados teria ajudado a Bridge a contatar alguns potenciais conselheiros. Procurado pelo Valor, o escritório não se pronunciou.

Na noite de quinta-feira o fundo de investimento Societé Mondiale, representado pela gestora Bridge, pediu a convocação de uma assembleia em até oito dias para pedir a destituição dos seguintes titulares do conselho da Oi: Rafael Mora, João Castro, Luís Palha da Silva, André Navarro e Pedro Morais Leitão, e dos suplentes João Ribeiro, Pedro Guterres, Maria do Rosário Pinto Correia e Nuno Vasconcellos. Todos eles representam os acionistas portugueses.

Em troca, o Societé Mondialepropõe os seguintes: Helio Costa (ex-ministro das Telecomunicações), Demian Fiocca (ex-presidente do BNDES), José Vicente dos Santos (ex-assessor do Ministério das Telecomunicações), João Pinho de Mello (professor da PUC-Rio), Pedro Grossi Junior (ex-assessor do Ministério da Fazenda), Leo Simpson (ex-presidente da Intelig) Jonathan Dann (diretor-geral da RBC Capital Markets) e Marcelo Itagiba (ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro).

Helio Costa e Pedro Grossi integram o conselho de administração da PetroRio. Simpson presidiu a Intelig na época que era controlada por Tanure. Este parece disposto a replicar na Oi o que fez na HRT. Enquanto a petroleira derretia na bolsa por não ter encontrado petróleo em reservas consideradas promissoras, na bacia Amazônica e na Namíbia, e enfrentava a saída de diretores, Tanure comprou 19% da empresa e brigou até conseguir trocar o seu conselho, elegendo seus indicados.

No caso da Oi, o estatuto aprovado em setembro de 2015 pode atrapalhar a pretensão de Tanure. Foi determinado que o conselho que aprovou o atual estatuto "terá mandato unificado até a assembleia geral ordinária que aprovar as demonstrações financeiras do exercício findo em 31 de dezembro de 2017". O quórum para a remoção dos membros do conselho deve ser composto pela maioria do conselho de administração. Assim, para conseguir destituir os atuais participantes, seria preciso convocar uma "reunião magna" para mudar o estatuto da Oi e, só depois, convocar a assembleia.

A Pharol defendeu, na sexta-feira, sua atuação na Oi e alertou para o aparecimento de investidores "centrados no retorno oportunista de seu capital".

Autor(a)
Rodrigo Carro e Tatiane Bortolozi

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