Um dos acionistas mais resistentes ao plano de recuperação judicial da Oi aprovado por credores em dezembro - o Société Mondiale, fundo ligado a Nelson Tanure - se desfez de 30% da sua participação na empresa alegando incertezas a respeito da viabilidade do plano. Com a venda de pouco mais de 13,33 milhões de ações ordinárias na sexta-feira, o Société Mondiale reduziu sua fatia acionária de 6,53% dos papéis com direito a voto para 4,54%.
Em nota, a assessoria de imprensa do fundo informou ontem que a operação foi decidida com base em uma recomendação recebida por seus assessores econômicos. Na opinião desses assessores, há "inconsistências" no plano de recuperação judicial, que provocariam danos à gestão da companhia além de não oferecer as garantias necessárias a um futuro aumento de capital, afirma o Société Mondiale no texto. Mais cedo, o fundo havia informado que não está deixando a Oi, uma vez que "não há qualquer decisão sobre movimentos futuros de compra ou venda de ações" da operadora.
Tanure e a Pharol, maior acionista da Oi, se opõem aos patamares de diluição previstos no plano de recuperação judicial homologado pela Justiça em 8 de fevereiro. Ambos os acionistas perderam participação no conselho de administração da Oi, substituído por um colegiado transitório que tem sua primeira reunião marcada para hoje. Tanure tem apenas um representante entre os nove integrantes do conselho transitório.
Mesmo assim não está claro ainda - segundo duas fontes que acompanham de perto a recuperação judicial da Oi - se o investidor pretende se desfazer integralmente de sua posição na operadora. Tomando-se por base todo o capital social da companhia (ações ordinárias e preferenciais), a participação de Tanure caiu de 5,28% para 3,67%.
Comunicada ao mercado na noite de segunda-feira, a diminuição da fatia do Société Mondiale na Oi fez o fundo perder duas posições no ranking dos maiores acionistas da Oi, saindo da segunda colocação para a quarta, atrás de Pharol (22,24% do capital social), Goldman Sachs (4,92%) e BNDES (4,63%).
Entretanto, registros da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - regulador do mercado de capitais - indicam que pelo menos até setembro do ano passado a carteira de investimentos do Société Mondiale incluía 15 milhões de ações ordinárias da Oi alugadas. A pedido do administrador do fundo, os dados relativos a outubro, novembro e dezembro foram omitidos pela CVM, mas no fim de 2017 o Société ainda detinha o equivalente a R$ 54,45 milhões em papéis alugados.
24/01/2018