O executivo Sami Foguel substitui Stefano De Angelis à frente da operadora.
Pouco mais de dois anos após assumir o comando da TIM Brasil, o italiano Stefano De Angelis renunciou à presidência da operadora de telecomunicações entregando um lucro líquido de R$ 335 milhões no segundo trimestre deste ano, uma alta de 53,2% sobre igual período de 2017. Sami Foguel, que teve passagens recentes pelas empresas aéreas TAP e Azul, foi o substituto escolhido pelo conselho de administração e toma posse hoje na filial.
Em teleconferência com analistas de mercado sobre o balanço trimestral na sexta-feira, De Angelis voltou a afirmar que a TIM será uma participante na consolidação do setor, podendo aproveitar alguma oportunidade de aquisição nos próximos 24 meses. Entre os possíveis alvos estão concorrentes como a Oi, em recuperação judicial, Nextel e Cemig Telecom. "Estamos preparados e em situação bem diferente de anos atrás", disse o executivo, que foi responsável pela reestruturação da companhia.
Durante sua gestão, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da operadora cresceu 30,14%, alcançando R$ 1,6 bilhão em 30 de junho. As ações da companhia listadas na B3 registraram valorização de 87% desde 11 de maio de 2016, quando De Angelis foi anunciado como CEO, até o pregão de quinta-feira passada - sua renúncia foi informada na noite de 19 de julho. Ele continuará como membro do colegiado até abril de 2019.
"Mesmo com as expectativas econômicas se deteriorando, deixo a companhia em condições melhores e capaz de enfrentar as incertezas no curto prazo. Estamos no caminho traçado para entregar as metas. No trimestre, registramos crescimento em todas as linhas de receita", afirmou.
De abril a junho, a receita líquida da terceira maior operadora do país totalizou R$ 4,2 bilhões, um avanço de 5,8% em base anual. O número ficou um em linha projeções dos analistas. Em telefonia móvel, a receita foi de R$ 3,8 bilhões, alta de 5,7%.
A base de clientes no segmento pós-pago, de maior valor para as operadoras, atingiu 19 milhões de linhas, alta de 20,5%. No entanto, a queda de 16,7% no número de usuários do celular pré-pago levou o total de assinantes da TIM a recuar 7% no segundo trimestre, para 56,6 milhões de linhas. Por outro lado, o serviço de ultrabanda larga TIM Live cresceu 21,5% e chegou a 423 mil clientes.
Foguel receberá a companhia com resultados positivos, mas enfrentará uma economia ainda fraca, além de queda nos preços em telefonia móvel, pela competição acirrada com a Telefônica Brasil (dona da Vivo), Claro e Oi. O executivo, que já atuou no HSBC Brasil e na consultoria McKinsey, terá sua primeira experiência em uma empresa de telecomunicações.
Analistas de mercado não esperam mudanças significativas na nova gestão. Em relatórios enviados a investidores, as equipes do Bradesco BBI e do Itaú BBA avaliaram que a experiência do novo executivo em atendimento ao cliente será valiosa para a TIM. "Stefano permanece no conselho de administração, além disso, Amos Genish [presidente da controladora Telecom Italia], continuará prestando muita atenção às operações no Brasil", escreveu Fred Mendes, analista do Bradesco BBI. Na sexta-feira, as ações da TIM registraram recuo de 3,38%.
23/7/2018