A Triunfo Participações e Investimentos (TPI) confirmou nesta segunda-feira, em comunicado ao mercado, que foi protocolado o pedido de recuperação de suas controladas Aeroportos Brasil, Aeroportos Brasil Viracopos e Viracopos Estacionamentos, conforme antecipado pelo Valor.
De acordo com a companhia, o pedido foi feito diante dos prejuízos e dificuldades enfrentados desde o início do contrato de concessão, decorrentes de eventos que provocaram desequilíbrios financeiros, como a ausência de medidas de recomposição para compensar os problemas e a crise econômica enfrentada pelo Brasil desde 2014.
“Estas circunstâncias, alheias ao controle das sociedades, de seus acionistas diretos e indiretos e de seus administradores, inviabilizaram o atendimento a algumas obrigações contratuais de cunho financeiro, notadamente o pagamento de certas outorgas e, mais recentemente, a renovação da apólice de seguro garantia de execução contratual”, diz trecho do comunicado.
Como o Valor apurou, a empresa pediu ontem à noite recuperação judicial para reestruturar uma dívida de R$ 2,88 bilhões, dos quais R$ 2,71 bilhões com credores financeiros. O processo foi protocolado no foro de Campinas, sede do aeroporto.
Na nota divulgada nesta manhã, a TPI afirma que tentou solucionar os problemas por meio da qualificação da concessão no regime de relicitação, medida aprovada pelo governo federal no ano passado. Mas, passado nove meses desde o requerimento, não foram adotadas as medidas necessárias para relicitação.
“Não obstante os incessantes esforços de seus administradores, a situação financeira das sociedades agravou-se de forma substancial nos últimos dias, levando à decisão por parte dos acionistas do ajuizamento do pedido de recuperação judicial”, afirma a nota.
Segundo a TPI, as operações do aeroporto Viracopos devem seguir normalmente.
Concedido à iniciativa privada em 2012 no auge da euforia econômica, Viracopos é o primeiro aeroporto privado a recorrer à recuperação judicial no país. A TPI é sócia no aeroporto junto com a construtora UTC e a estatal Infraero. O maior credor é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), como financiador direto e subscritor de debêntures. Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Haitong são detentores de créditos, como repassadores do BNDES. E BTG, o próprio Haitong e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) são credores do bloco privado. Os quase R$ 180 milhões restantes são pulverizados em dívidas trabalhistas, outros fornecedores e pequenas empresas.
07/05/2018