Turistas que saíram de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, e de Santo André, na Grande São Paulo, em direção ao parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo, na região de Campinas, se depararam com os portões fechados neste sábado (13).
Mesmo com os ingressos comprados pela internet, jovens e famílias não puderam entrar no local, a não ser para ser informados por funcionários de que eles deveriam procurar o serviço "Fale Conosco" na internet e solicitar o reembolso dos gastos.
A direção do Hopi Hari, que tenta a recuperação judicial, anunciou o fechamento do parque nesta sexta (12) à tarde. Numa nota, eles culpam a imprensa pela decisão e afirmam se tratar de uma "pausa para respirar e tomar fôlego novamente".
O estudante Matheus Azevedo Rocha, 18, e mais três amigos, compraram os ingressos pela internet na semana passada, válidos até o domingo, 14. Foram R$ 215,90, mais os gastos com gasolina e pedágio de São José até Vinhedo –uma distância de 150 km.
"Vamos solicitar o reembolso total, dos ingressos e do custo com a viagem e o hotel que reservamos. É uma falta de responsabilidade fechar o parque mesmo sabendo que ingressos tinham sido vendidos. Estamos decepcionados", afirmou o jovem.
"Caímos no conto do vigário. Agora vamos ter que voltar pra casa", disse a dona de casa Dirce Aparecida Piveta, 61, de Santo André. Ela veio com a filha, que comprou os ingressos na promoção do "Dia das Mães", e mais duas pessoas, entre elas uma criança de 9 anos.
O parque tem dívidas com credores que somam cerca de R$ 700 milhões. Só com a Prefeitura de Vinhedo, por exemplo, são cerca de R$ 50 milhões em ISS (Imposto Sobre Serviços) e IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana). De acordo com a assessoria da prefeitura, o Hopi Hari é um dos maiores devedores do município.
Na nota, o presidente do parque, José Luiz Abdalla, informa que assumiu o Hopi Hari porque acredita que é possível recuperá-lo. A nova gestão se iniciou em 5 de abril passado, mas após reportagens da imprensa durante a semana, Abdalla resolveu fechar o local.
"As dificuldades eram conhecidas: dívidas milionárias, atrações paradas, pouco público, funcionários cansados de promessas não cumpridas e uma longa fila de problemas herdados de administrações passadas", descreve Abdalla sobre o parque.
"Ainda assim, acreditamos no sonho", continuou o presidente na nota. "Entendemos perfeitamente as dúvidas dos investidores. O que não entendemos é a sanha e a crueldade que alguns meios demonstraram com relação ao Hopi Hari", escreveu Abdalla.
O presidente informou que já conseguiu atrair o interesse de várias empresas e gestores de fundos nacionais e internacionais para investir no parque, e que "é necessária muita coragem para investir numa empresa que a mídia está 'enterrando' viva".
Os funcionários que atenderam os turistas no local não informaram à reportagem sobre os procedimentos dos clientes que adquiriram ingressos, mas que deram com a porta na cara. O telefone informado no site do parque não atendeu às ligações.
A Prefeitura de Vinhedo informou que trabalha em um projeto de criação de um distrito turístico na região, na divisa com Itupeva, semelhante à região dos parques temáticos da Flórida, nos EUA, mas que a direção do Hopi Hari nunca participou das reuniões.
O distrito seria criado por lei estadual, envolvendo os municípios de Valinhos, Vinhedo e Louveira. O Hopi Hari fica às margens da rodovia dos Bandeirantes, ao lado do parque aquático Wet'n Wild, shoppings e hotéis. A região, segundo a Prefeitura de Vinhedo, recebe cerca de 7 milhões de visitantes por ano.