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Unialco dá calote de R$ 500 milhões em bancos

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São Paulo - Mais um grupo sucroalcooleiro se junta ao extenso rol das endividadas usinas de açúcar e álcool que estão deixando um rastro de calote no País e no exterior.

O grupo Unialco, do interior de São Paulo, deixou de pagar R$ 500 milhões aos bancos e está renegociando a dívida para estendê-la para os próximos cinco anos.

Os bancos, por sua vez, estão encalacrados com empréstimos que não tinham garantias suficientes, como fazendas ou equipamentos que pudessem ser agora retomados.

A renegociação está avançada e um dos pontos acertados é a venda da empresa ou de pelo menos parte dela a um novo grupo. Não haverá desconto do valor total.

No entanto, os bancos concordaram que a maior parte da dívida seja paga no final do novo prazo que está sendo dado. É a segunda vez em menos de cinco anos que a empresa deixa de pagar os bancos, entre eles Santander, Itaú Unibanco, Bradesco e Banco Votorantim.

O dono da Unialco, Luiz Guilherme Zancaner, em entrevista por telefone ao jornal O Estado de S. Paulo, não quis dar detalhes sobre como está resolvendo a questão da dívida. Disse apenas que a empresa, que tem 2,1 mil funcionários, está centrada em garantir a plantação da próxima safra.

"Uma usina sem cana-de-açúcar é igual ferro-velho, e os bancos precisam entender isso", disse Zancaner."Vamos financiar a próxima safra na raça."

Uma alternativa é que as cooperativas de fornecedores de adubos, por exemplo, possam fazer esse financiamento em troca da venda antecipada de açúcar.

A safra deste ano, no entanto, já não foi nada boa para a Unialco, que possui usinas em São Paulo e no Mato Grosso do Sul. A seca que tomou conta da Região Sudeste, a ponto de comprometer o abastecimento de água no Estado, foi responsável pela quebra da safra do grupo.

A moagem da cana foi 20% menor do que a estimada. Além disso, os preços do açúcar e etanol caíram, deixando um prejuízo de R$ 157 milhões no balanço da safra 2013/2014.

Segundo o advogado da Unialco, Dirceu Carreto, do escritório CP Advogados, nenhum pagamento foi feito aos bancos neste ano por causa das dificuldades com a safra. Sem receber, o grupo de sete bancos entrou na Justiça para cobrar a dívida, com o auxílio do escritório Tepedino, Migliore e Berezowski.

Mas, como as garantias do empréstimo não suprem o total devido e diante da demora dos processos judiciais, os bancos decidiram voltar à mesa de negociações.

O objetivo é tentar evitar uma recuperação judicial, que poderia deixar a empresa alguns anos sem plantar e agravar a situação. Procurados, os bancos preferiram não comentar o assunto.

Carreto diz que a negociação está avançada, com os termos já aceitos por ambas as partes, restando apenas que os advogados redijam o novo contrato.

Mesmo com o compromisso de vender a empresa, ou parte dela, algumas fontes próximas às negociações dizem que será difícil pagar a dívida sem que os bancos concedam algum desconto.

A crise da Unialco começou por causa de investimentos em duas usinas que acabaram não dando certo, no ano de 2008. Em 2010, a empresa renegociou as dívidas com os bancos, que se uniram em um único grupo para poder ter a garantia das safras futuras da empresa. Mas essa garantia venceu neste ano e, por isso, os bancos ficaram sem muitas opções, a não ser renegociar.

Crise no setor

As dificuldades de tantas empresas no setor já estão limitando o crédito para as empresas em geral. A situação vivenciada pela Unialco parece ter se tornado corriqueira.

Há poucos meses, o grupo Virgolino Oliveira anunciou que teria de renegociar US$ 735 milhões com credores internacionais, que compraram títulos da empresa.

Apesar de a dívida só vencer a partir de 2022, a empresa não está conseguindo nem mesmo pagar os juros. No início do ano, uma grande recuperação judicial foi anunciada, a do grupo Aralco, com dívidas de mais de R$ 1 bilhão.

Segundo estimativas da Datagro, pelo menos 30 empresas entraram em recuperação judicial, a antiga concordata, nos últimos anos no País. Desde 2008, segundo levantamento do Itaú BBA, 60 usinas de açúcar e álcool fecharam as portas. A estimativa é de que o setor tenha em 2015 um endividamento total de R$ 77 bilhões.

Neste ano, alguns analistas já avaliam que a dificuldade de pagar os juros está sendo generalizada. Na sexta-feira, 5, a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) rebaixou as notas de risco da USJ Açúcar e Álcool.

Segundo nota da S&P, o rebaixamento se deu por causa do aumento da alavancagem da empresa, que também está bastante endividada, e a expectativa de que terá um fluxo de caixa negativo. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor(a)
Josette Goulart

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