Pela primeira vez em anos, os céus parecem um pouco mais amigos para a United Airlines. Isso ajuda a explicar por que a UAL Corp., um defensora fervorosa do conceito de que a consolidação pode criar uma indústria sustentável, renovou as negociações paralelas de fusão com as concorrentes US Airways Group Inc. e Continental Airlines Co.
Em 2008, na última vez em que a United avaliou possíveis fusões com as duas, a empresa vivia um mau momento. Embora tivesse emergido de uma concordata demorada em 2006, a United ainda não estava em condição de lutar. Os investidores temiam que a empresa fosse uma séria candidata a voltar ao tribunal de falências, devido ao declínio da liquidez e aos prejuízos gigantescos. Aí o preço do combustível foi às alturas em 2008 e as viagens de negócios sumiram do mapa por causa da crise econômica.
Agora, num cenário em que a economia está em recuperação, a companhia, sediada em Chicago, está voltando à forma financeira e focando-se em melhorar a pontualidade, cortar custos, eliminar complexidades e aumentar a produtividade. O esforço está tornando a United uma empresa independente mais vigorosa e mais atraente para um possível parceiro numa fusão.
A nova abordagem, que indica uma reforma completa na aérea, começou a dar frutos. A United se tornou a mais pontual entre as grandes companhias aéreas. Embora tenha aposentado 100 aviões mais antigos de sua frota de 460 aviões, numa estratégia de encolhimento para lidar com a alta do petróleo e a recessão, a United conseguiu segurar os custos ao mesmo tempo em que passava a servir 20 novos destinos.
A empresa conseguiu captar bilhões, fez uma encomenda considerável de novos aviões com autonomia para voos internacionais e embarcou numa promissora aliança de marketing com a Continental, rival que a United rejeitou como parceira para uma fusão há dois anos. Nos últimos meses, a United divulgou uma expansão saudável na receita por assento, ultrapassando os concorrentes.
Os analistas ainda esperam que a United dê prejuízo quando divulgar seus resultados do primeiro trimestre, em 27 de abril, mas esperam uma perda menor que o déficit de US$ 382 milhões de um ano atrás. E a maioria prevê que a United vai dar lucro em 2010, pela primeira vez desde 2007.
A ação da empresa, que fechou ontem a US$ 21,66, está perto de seu nível mais alto em dois anos. Em meados de 2009, chegou a uma mínima de US$ 3,07.
Mesmo assim, ainda há desafios.
Os sindicatos dos trabalhadores da United querem uma compensação pelo que cederam na recuperação judicial. As aéreas mais baratas cresceram ao ponto de conquistar uma boa fatia do mercado dos EUA, freando o preço das passagens. O preço do combustível continua alto.
Os principais concorrentes americanos da United também cortaram o número de assentos oferecidos e estão começando a assistir a uma recuperação.
As autoridades antitruste podem adotar uma visão menos positiva de uma fusão com a US Airways, por causa de preocupações com a sobreposição do mercado das duas. Alguns dos sindicatos da United já se pronunciaram contra. E não está claro se a Continental vai mudar sua declarada posição de se manter independente, especialmente porque já conta com a receita polpuda da nova aliança com a United. As três empresas se recusaram a comentar.
Com ou sem fusão, a recuperação da United a obrigou a se livrar da bagagem que carregava havia anos.
" A partir do momento em que pedimos [a concordata], concluímos que não podíamos começar do zero com uma base defeituosa " , disse Glenn Tilton, o diretor-presidente. Veterano executivo do setor petrolífero que entrou na United em 2002, Tilton disse ainda não é a hora de " dar a volta olímpica " . Mas disse que a empresa está na melhor forma desde que ele assumiu o comando.
Autor: Susan Carey, The Wall Street Journal
Fonte: Valor Econômico (20/04/2010)