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Usiminas negocia apoio de bancos para a capitalização

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A agonia da siderúrgica Usiminas, que passa por uma grave crise financeira, pode se prolongar ainda por um certo tempo, até que uma solução definitiva para reforçar seu caixa e alongar seu endividamento seja aprovada por seus acionistas. Esta será uma semana crucial para a companhia, que teve pedido de aumento de capital de R$ 1 bilhão aprovado pelo conselho de administração na sexta-feira, em uma reunião que durou quase cinco horas.

Por sete votos a três, o colegiado da empresa aprovou o pedido encaminhado pela diretoria-executiva. Agora, a proposta, que está condicionada a acordos de suspensão temporária de pagamentos (stand still) com os principais bancos credores, terá de ir à aprovação de uma assembleia de acionistas a ser convocada na próxima sexta-feira, em nova reunião do conselho de acionistas.

De hoje até sexta-feira, a diretoria da empresa e representantes dos acionistas vão correr para firmar um acerto de suspensão do pagamento do principal da dívida, enquanto efetiva aumento de capital, ao mesmo tempo que avançam propostas de refinanciamento de seus passivos até o fim de 2018. São R$ 5,9 bilhões.

O objetivo, apurou o Valor, é obter entre dois e três anos de carência (pagando só juros no período) e alongamento por quatro a cinco anos (a partir de 2019). É visto como o tempo necessário para a empresa se equilibrar e para retomada do mercado de aço no país. Em 2015, o consumo interno do produto recuou quase 18% e a expectativa é de novo ano de crise em 2016 devido à retração da economia brasileira.

A diretoria deverá levar para os conselheiros o compromisso dos bancos em conceder o "stand still" de 90 dias e acordo avançado de refinanciamento da dívida.

Na reunião do dia 18 há dois temas definidos na pauta para deliberação, conforme fato relevante da Usiminas. O processo de convocação da assembleia extraordinária de acionistas e análise do pedido da Ternium - Techint. O grupo ítalo-argentino pleitea que sua proposta alternativa de capitalização da Usiminas, não foi acatada pelo conselho dia 11, vá para avaliação da assembleia de acionistas.

Caso o conselho não a leve avante, como pede, poderá chamar uma assembleia de acionistas, específica para avaliar sua proposta. Tendo mais de 5% de ações ON, um investidor pode recorrer a esse expediente.

A proposta aprovada, de R$ 1 bilhão, era apoiada pela rival Nippon Steel & Sumitomo, que se comprometeu a colocar a totalidade do capital se não houver a adesão de outros acionistas na subscrição do aumento de capital. Já a Ternium defendeu um valor de R$ 563 milhões, dividido em ações ordinárias (R$ 435 milhões, por 100 milhões de ações) e preferenciais (R$ 128 milhões, pela emissão da mesma quantia).

Na proposta do grupo japonês está prevista só emissão de ações ON - 200 milhões, sendo R$ 5,00 cada. "Caso a proposta de aumento de capital de R$ l bilhão não for aprovada, restará como única alternativa a recuperação judicial", disse Kosey Shindo, CEO da Nippon Steel, em carta ao governador mineiro, Fernando Pimentel.

Para a Ternium, outros R$ 600 milhões, que fortaleceriam o caixa da Usiminas, devem vir de uma liberação de recursos do caixa da controlada de mineração Musa, que dispõe de R$ 1,3 bilhão. Para o grupo, que tem 38% das ações da Usiminas, com isso é usado um dinheiro que a siderúrgica tem direito, uma vez não empregado, e permite um aumento de capital menor, que não penaliza acionistas com pesada diluição.

Na sua proposta, a Ternium não definiu o quanto se compromete de aporte - total dos R$ 435 milhões em ON, metade ou percentual relativo à sua fatia de ações. Nem quanto à parte de PN.

A Usiminas tem 70% da Musa e a Sumitomo Corporation, os demais 30% e direitos de vetos nas decisões envolvendo a empresa. A japonesa informou à diretoria da siderúrgica e aos seus acionistas que vai avaliar a liberação de dinheiro da Musa (de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões) desde que haja a capitalização de R$ 1 bilhão e renegociação e alongamento das dívidas da Usiminas.

A Nippon Steel reitera que a Usiminas precisa, para se reequilibrar, desse aporte de capital, alongamento de dívidas, dinheiro da Musa e venda de ativos.

A siderúrgica mineira tem vencimentos a pagar com vários bancos, deste ano a 2020, no montante de R$ 7,9 bilhões. Os maiores credores são Banco do Brasil, Itaú BBA, Santander, BNDES e o japonês JBIC, além de debenturistas, detentores de eurobonds e da própria Nippon Usiminas (que é sua acionista). Neste ano, os vencimentos são de R$ 1,9 bilhão.

O caixa da siderúrgica livre para utilização, que começou o ano em R$ 800 milhões, vai zerar ao final deste mês com a alta concentração de pagamentos vencendo.

São estimados entre dois e três meses para se obter a aprovação final da capitalização, se não houver percalços pelo caminho. Um deles, pode ser uma nova tentativa de obtenção de liminar da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), requerendo suspensão do aumento do capital. Teve pedido negado na sexta-fera, quando ainda ocorria a reunião. A juíza Patrícia Santos Firmo, do Tribunal de Justiça de Minas, apontou falta do fato.

A CSN, com 16,4% do capital total da Usiminas - 13,13% de ON, fora do bloco de controle, e 19,7% de PN -, defende, antes de aporte de capital, liberar R$ 900 milhões para Usiminas do caixa da Musa. Alega que isso trará, como em seu caso, grande diluição de ações.

O presidente do grupo Techint, Paolo Rocca, também em carta a Pimentel, afirmou que só aumentar o capital não garante que a Usiminas será sustentável no longo prazo. Disse que é necessário, além de "profunda reestruturação da dívida", mudanças na gestão.

Autor(a)
Por Ivo Ribeiro

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