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Uvifrios atacadista pede recuperação judicial

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O grupo potiguar Uvifrios Distribuidor Atacadista pediu recuperação judicial e teve o pedido deferido pela juíza Lina Flávia Cunha de Oliveira, da 1ª vara cível, da comarca de Parnamirim. A recuperação judicial, antiga concordata, é uma medida legal destinada a evitar a falência.

DivulgaçãoUnidade da zona Norte, no dia da inauguração: atraso na obra teria levado a empresa a acumular dívidas

A medida permite que a empresa apresente na Justiça formas para quitação do débito aos credores. No caso da Uvifrios, o grupo - segundo o processo que está disponível na versão digital - tem 180 dias para apresentar um plano de recuperação. A Justiça nomeou na semana passada um administrador judicial, suspendeu ações e execuções contra a empresa, e determinou que o grupo apresente as contas mensais enquanto durar a recuperação. Se descumprir o acordo, os administradores poderão ser destituídos.
Procurado ontem pela reportagem, o grupo informou, por meio da assessoria de imprensa, que preferia comentar o assunto por meio dos advogados. Os números fornecidos, dos advogados Roberto Carlos Keppler e Simone Zaize de Oliveira, do escritório Keppler Advogados Associados, de São Paulo, estavam, entretanto, na caixa postal e indisponível para receber ligações, respectivamente.

No processo, a Uvifrios diz enfrentar dificuldades financeiras desde que começou a erguer a quarta unidade, na Zona Norte de Natal, há pouco mais de um ano. O atraso na obra, inaugurada oito meses após a data prevista, fez com que a empresa acumulasse dívidas, cujo valor não foi divulgado. "Como a previsão inicial de entrega era dezembro de 2010, muitos equipamentos, maquinários, e instalações já tinham sido adquiridos, algumas com recursos próprios e outras com leasings operacionais. Naquele momento, começaram os problemas de fluxo de caixa, sendo que a loja que em janeiro de 2011 já deveria estar se pagando com o seu resultado operacional, não estava gerando nenhum recurso econômico para contribuir com suas obrigações", informa no processo.

A partir de 2010, a empresa passou a enfrentar dificuldades para contrair empréstimos e saldar antigas dívidas. Como não conseguia pagar os fornecedores, também começou a enfrentar dificuldades para repor o estoque. "Os bancos não liberaram recursos, alguns fornecedores negativaram a empresa, e outros pararam imediatamente o fornecimento. Foi assim que em outubro de 2011, todas as unidades de negócio da empresa começaram a ter uma queda de 20% ao mês devido a falta de fornecimento por inadimplência. Como a empresa não conseguiu aportar os recursos necessários ao caixa, esta situação se agravou cada vez mais".

Para pagar as dívidas, a Uvifrios precisava vender no mínimo R$ 10 milhões por mês, o que não voltou a ocorrer. Em dezembro de 2011, por exemplo, o grupo só conseguiu faturar R$ 5 milhões - três vezes menos do que esperava. "Cada mês abaixo de R$ 10 milhões, significava que, além da falta de caixa existente de R$ 4,8 milhões em fornecedores, seria acumulado um prejuízo operacional mensal de pelo menos R$ 400 mil por mês, chegando a R$ 600 mil de prejuízo por mês nos meses de janeiro até junho deste ano de 2012, considerando que a receita chegou lamentavelmente à casa de R$ 3 milhões por mês", relata ainda no processo.

O grupo diz não saber quanto faturará este ano. "O mercado, os fornecedores e os clientes ainda não sinalizam suas verdadeiras tendências. Não se sabe ao certo quando a empresa poderá repor as margens de lucratividade perdidas nos últimos anos", diz. A empresa diz estar buscando alternativas para obter aporte de capital que regularize a situação com fornecedores, diminua o passivo operacional e permita cumprir o plano de pagamento dos credores. "Mas se não existir uma solução no curto prazo e no tempo necessário, não será possível garantir os empregos", informa ainda.

Grupo tinha planos de expansão

A Uvifrios Distribuidor Atacadista planejava inaugurar uma nova unidade no primeiro semestre deste ano. A construção da loja foi anunciada ainda em julho de 2011. A loja seria construída na BR 101, próxima ao concorrente Sam's Club, do Walmart, e custaria R$ 12 milhões. Geraria cerca de 250 postos de trabalho, o dobro do gerado pela quarta unidade, segundo informou o diretor do grupo, Herculano Azevedo, na época. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE em julho de 2011, o executivo afirmou que também estava procurando cidades fora do estado. "Pensamos em Pernambuco, Maranhão". Os planos, segundo ele, seriam de médio e longo prazo.

"Primeiro, virá a loja da Zona Sul, que se Deus quiser, será aberta no primeiro semestre do próximo ano (2012). Em seguida, a expansão da rede. Não sei se serão três, quatro ou cinco". A inauguração da unidade da Zona Norte - apontada como causa da crise econômico-financeira enfrentada - foi a primeira em três anos. A última inauguração ocorreu em 2009. Além da nova unidade, a empresa tem outras três - uma em Parnamirim, outra no centro de Mossoró e outra na Ceasa, em Natal. Na entrevista, Herculano também comentava as dificuldades enfrentadas pelo setor atacadista no estado. "O regime tributário (elaborado pela Secretaria de Tributação do Estado) foi refeito e tirou a competitividade do setor, que está bastante sacrificado", respondeu na época.

Autor: Andrielle Mendes

Fonte: http://www.ecofinancas.com (13/08/2012)

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