Com características e situações distintas, a negociação das dívidas de grandes clientes pelos bancos é feita caso a caso. Essa estratégia vale ainda mais para os créditos concedidos aos grupos empresariais envolvidos em investigações da operação Lava-Jato.
Com o mercado de capitais fechado para essas empresas, a rolagem das dívidas vem ocorrendo com os próprios credores. Procurados, os bancos informam que não comentam casos específicos, mas as operações fechadas até agora mostram que as instituições têm aceitado abrir mão de parte do valor a receber em troca de mais garantias na renegociação.
Entre os grandes grupos, como Odebrecht, os bancos avaliam as operações de acordo com as condições e garantias de cada unidade de negócios, segundo um profissional. A Odebrecht Óleo e Gás fechou um plano de reestruturação extrajudicial de uma dívida de US$ 5 bilhões. Do total renegociado, US$ 2 bilhões referem-se à dívida corporativa detida por bancos, seguradoras e investidores, que aceitaram trocar o crédito por debêntures perpétuas, sem prazo de vencimento, e que vão entregar 30% dos dividendos da empresa todo ano.
Outra empresa do grupo, a Odebrecht Agroindustrial já tinha conseguido refinanciar no ano passado R$ 12 bilhões em débitos, quando os bancos aceitaram as ações da Braskem como garantia para alongar prazos.
A desalavancagem do grupo Odebrecht ainda passa pela venda de ativos. Depois de fechar o acordo de leniência, o grupo concluiu a venda da Odebrecht Ambiental para a canadense Brookfield por R$ 2,9 bilhões. Em outra operação, obteve aval do Cade para vender o controle da Embraport para a sócia Dubai World Ports.
Para empresas que entraram em recuperação judicial, como a operadora de telefonia Oi e a incorporadora PDG Realty, o acesso a novas linhas de crédito fica prejudicado e a alternativa de funding tem sido a venda de ativos.
A PDG apresentou na terça o plano de recuperação judicial. Do total de 5,4 bilhões de dívida bancária, entre compromissos concursal e extraconcursal, 50% têm garantia. No caso da Oi, do total de R$ 63,95 bilhões em dívida, R$ 9,237 bilhões estavam com os bancos, excluindo o BNDES.