Em recuperação judicial desde 2012, a Industrial Pagé, uma das maiores empresas de equipamentos e projetos para armazenagem do país, tem ampliado as vendas e espera continuar a cumprir o acordado com seus credores para voltar à normalidade o quanto antes, ainda que não tenha definido um prazo específico para isso.
Segundo Nazareno Di Giovanni, diretor-superintendente da companhia familiar catarinense, a expectativa é que o faturamento aumente 30% em 2014 em relação ao ano passado e alcance cerca de R$ 150 milhões. Em 2013, o crescimento foi de 40%, de acordo com o executivo.
"Para quem está em recuperação, foi um resultado surpreendente para todos". Segundo ele, no primeiro trimestre deste ano a receita cresceu 50% em relação a igual intervalo de 2013 e atingiu R$ 34,6 milhões.
O diretor credita parte desse desempenho à aquecida demanda por equipamentos para armazenagem no país. A empresa comercializa equipamentos para recebimento, transporte, limpeza, secagem e armazenagem de produtos agrícolas. São silos, secadores, elevadores, correias transportadoras e máquinas de limpeza de grão. Os silos representam a maior parte do faturamento.
Mas, para Di Giovanni, a continuidade do avanço da demanda dependerá da "agilidade dos financiamentos" do governo. 'Se não acontecer o que o governo previa, [o setor] perde credibilidade", afirmou, em referência a linhas de crédito do BNDES como as do Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA).
Com uma unidade industrial em Araranguá (SC), a Pagé, que está prestes a completar 50 anos, tem, segundo seu plano de recuperação judicial até 14 anos para pagar suas dívidas. Conforme Luís Alberto de Paiva, presidente da Corporate Consulting, contratada para fazer a reestruturação da companhia catarinense, passivos trabalhistas já foram liquidados e o pagamento do principal começa neste ano.
A dívida da empresa chega a R$ 100 milhões. Somada com a da Angelgres Cerâmica - pertencente aos mesmos acionistas da Pagé, que é controlada pela família Pascoali - o total alcança R$ 150 milhões.
A expectativa é que no fim de cada ano sejam realizados leilões "reversos" nos quais a empresa poderá "comprar" os passivos dos credores que oferecerem os maiores níveis de deságio dos valores a receber, explica Paiva. Todo ano, parte do faturamento será destinada ao pagamento das dívidas. Segundo Paiva, a empresa está "bem solidificada" e poderá crescer 30% ao ano nos próximos anos diante da necessidade de ampliação da capacidade de armazenagem de grãos no país.
Com atuação em todo o Brasil, a Pagé também exporta para países das Américas Central e do Sul e da África. Em 2013, os embarques representaram 18,5% do faturamento.