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Wetzel começa negociação com credores

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Em recuperação judicial desde a semana passada, a Wetzel, fabricante de peças fundidas e usinadas em ferro e alumínio para a indústria automotiva e componentes para instalações elétricas, prepara-se para iniciar nos próximos dias uma rodada de negociações com os credores. A empresa vai buscar o alongamento da dívida, com redução de encargos e a conversão de parte do passivo em participação societária, mediante emissão de ações com opção de recompra.

Segundo o advogado Thomas Müller, do escritório Dulac Müller, que representa a companhia listada na BMF&Bovespa, a transferência de controle ou a cisão e venda de uma ou mais das três unidades de negócios (ferro, alumínio e eletrotécnica) também podem ser alternativas para a recuperação. O objetivo do controlador André Wetzel, que detém 97,2% das ações ordinárias (ON), é, de acordo com o advogado, preservar a empresa.

As frequentes paradas de produção nas montadoras, levando à queda drástica nas encomendas de autopeças, agravaram a situação financeira na indústria de componentes automotivos, tendo como resultado o fechamento de fábricas e um maior número de empresas insolventes. No ABC paulista, a Arteb, que produz sistemas de iluminação em fábricas nas cidades de São Bernardo do Campo e Diadema, entregou pedido de recuperação judicial. Em nota de esclarecimento enviada a funcionários, a companhia, que demitiu 220 trabalhadores apenas na quinta-feira, cita dificuldades decorrentes do aumento de custos e da falta de crédito para fazer frente a compromissos financeiros.

Na Wetzel, sediada em Joinville (SC), a dívida sujeita à recuperação judicial é de R$ 101,1 milhões, sendo cerca de R$ 60 milhões com bancos e apenas R$ 2 milhões em compromissos trabalhistas. O endividamento total, incluindo passivos não listados no pedido de proteção judicial como contratos de leasing e alienação fiduciária, é de R$ 144 milhões. Há ainda cerca de R$ 100 milhões em dívidas tributárias, mas um pouco mais de 90% do valor já está parcelado e a empresa conta com créditos de aproximadamente R$ 80 milhões.

Conforme o advogado da Wetzel, a empresa está negociando a contratação de um DIP, ou "debtor-in-possession", um financiamento extraconcursal para capital de giro que garante prioridade de pagamento ao credor em caso de falência, da ordem de R$ 10 milhões. Ao mesmo tempo, vai propor aos bancos credores o alongamento da dívida atual por pelo menos dez anos, com dois a três de carência. Já aos fornecedores de matérias-primas será proposto um cronograma mais acelerado de pagamento.

De acordo com Müller, as dificuldades da fabricante foram provocadas pela retração generalizada dos setores em que ela atua. A companhia encerrou 2015 com receita bruta de R$ 201,5 milhões, ante R$ 260,3 milhões em 2014 e R$ 303,4 milhões em 2013. O patrimônio líquido negativo soma R$ 113 milhões e o prejuízo apurado no ano passado foi próximo de R$ 60 milhões.

Com a queda no faturamento, a Wetzel aumentou a tomada de financiamento para capital de giro e foi apanhada pela alta expressiva dos custos do crédito nos últimos anos, acrescentou o advogado. De 2013 a 2015, enquanto passivo financeiro total passou de R$ 74 milhões para R$ 81,8 milhões, com expansão de 10,5%, as despesas financeiras anuais mais que dobraram: de R$ 7,9 milhões para R$ 17,3 milhões.

A crise também provocou estragos no quadro de funcionários. De 2013 até agora o contingente foi reduzido em 40%, para cerca de mil pessoas, e alguns dias antes do pedido de recuperação judicial 150 empregados foram demitidos. A recuperação judicial, segundo Müller, foi a última alternativa da empresa para manter as operações. No ano passado, a Wetzel chegou a contratar uma consultoria para renegociar as condições do endividamento diretamente com as instituições financeiras, mas não obteve sucesso devido à resistência dos credores.

Autor(a)
Sérgio Ruck Bueno e Eduardo Laguna - Valor Economico

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